quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

“Os deuses e deusas da mitologia grega – tópicos em redor de um documentário de Bram Rosse

A análise a este documentário vem no seguimento do estudo dos pré-socráticos, na disciplina de História da Filosofia Antiga. Este documentário pode dividir-se em duas partes: a religião grega e as suas repercussões no mundo romano e no cristianismo.
Antes de tudo, as Graças deram a beleza ao homem e as Musas as suas características. As Musas, filhas de Zeus e Mnemósine e habitantes de Olimpo, aparecem pela primeira vez no “Hino às Musas”, da Teogonia, de Hesíodo (1-115). São nove: a mais velha, Calíope, Clio, Euterpe, Talia, Melpómene, Terpsícore, Erato, Polímnia, Urânia. . Calíope sempre foi tida como a mais notável, a companheira dos reis, a que inspirava na administração da justiça. Às outras, pela sua fama de inspiradoras, foram-lhes atribuídas as artes, na época romana tardia. Assim, Calíope ficou com a Épica heróica; Clio, com a História; Euterpe, com a Música; a Comédia foi dada a Talia; a Tragédia, a Melpómene que, subsidiariamente, era a Musa do Canto e da Música; a Dança era a arte de Terpsícore; a Poesia Lírica, de Erato; a Mímica pertencia a Polimnia; e a Astronomia, a Urânia.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Enrique Rojas na Faculdade de Filosofia da UCP

Há cerca de um mês, o Prof. Enrique Rojas proferiu na Aula Magna da Faculdade de Filosofia uma magistral conferência sobre o tema da sexualidade. A profundidade do seu pensamento, alicerçado num amplo conhecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões e testado por uma longa prática clínica como psiquiatra, "prendeu" um auditório com mais de 350 participantes no Congresso de Pedagogia. A síntese elaborada pela jornalista Marta Encarnação do Jornal Diário do Minho, (edição de 08 de Novembro de 2009, p. 3) dá uma ideia da actualidade e da originalidade da reflexão do Prof. Rojas. Mas o leitor interessado poderá aceder ao texto completo desta conferência (bem como de outras apresentadas neste Congresso) no volume que está a ser preparado pela Faculdade de Filosofia. Recordemos que E. Rojas, catedrático da Universidade Complutense de Madrid, é hoje um autor reconhecido em todo o mundo; as suas obras atingem um número impressionante de edições, tais como: "El amor inteligente", Abril de 2008: 38 edições; "Remedios para el desamor", Outubro de 2007: 25 edições; "Los lenguajes del deseo", Abril de 2004: mais de 18.000 exemplares vendidos; "¿Quién eres?", Novembro de 2001: 15 edições; "La ilusión de vivir", Outubro de 1998: 16 edições; "La conquista de la voluntad", Maio de 1994: 22 edições; "El hombre light", Setembro de 1992: 20 edições; "La ansiedad", Março de 1989: 23 edições.
Carlos Morais / docente da UCP-FacFil- Braga

sábado, 28 de novembro de 2009

Sócrates: insuportavelmente dogmático?


A leitura do Livro II da República de Platão, no contexto da disciplina Filosofia Antiga, trouxe-me uma certa desilusão quanto à imagem que eu tinha de Sócrates.
Concretamente, aquela ideia que tinha de um Sócrates defensor da liberdade de pensamento, possuidor de uma visão algo pragmática da vida e tolerante para com quem não partilhava das suas ideias, ficou bastante abalada.
Que Sócrates encontramos naquela obra? Encontro aí um pensador bastante dogmático. Assistimos, inclusive, à censura frontal dos poetas. Veja-se o que ele diz no final do referido Livro: “Quando um poeta falar assim dos deuses, ficaremos irritados, e não faremos coro com eles…”.
Parece-me que Sócrates procurou criar uma sociedade repressiva e autoritária. Isso faz-me reflectir sobre este assunto. Todavia gostava de poder ver outras interpretações sobre estas atitudes e orientações do nosso sábio do “striptease intelectual”.

Rui Sousa, 1º ano do Curso de Filosofia

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Estagiário da FacFil colaborou na exposição do artista Cláudio João no IPJ


Lamentavelmente não publicámos na devida altura o material informativo referente à exposição de pintura de Cláudio José Fernandes João, ocorrida na Loja Ponto Já do IPJ-Braga entre 13 e 31 de Outubro de 2008. Esta exposição foi organizada e divulgada com a colaboração do aluno da Faculdade de Filosofia Higino Lombe no contexto do estágio que realizou naquela instituição.



O Cláudio João – a quem endereçamos o nosso pedido de escusas pelo lapso – é um artista que merece toda a nossa atenção, apreço e solidariedade; com muita coragem e tenacidade encontrou na criação artística o seu meio de comunicação com os outros. Profundamente afectado por limitações físicas que lhe tolhem os movimentos, expressa através da sua contrastante paleta um universo feito de dor e sofrimento, mas também de esperança e de alegria.
Aqui fica uma pequena amostra da sua expressividade pictórica, bem como os seus contactos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Associativismo, Juventude e Sociedade

O Instituto Português da Juventude organizou no dia 08 de Maio de 2009, na sua Delegação de Braga, as Jornadas sobre “O Associativismo Juvenil e a Europa”. Tratando-se de uma temática de grande actualidade e repercussão, pretendemos neste breve texto contribuir para a reflexão sobre as incidências daquela problemática, sobretudo nos “modos de vida” da juventude de hoje. Partimos precisamente de algumas das pistas levantadas pelos participantes naquele evento que teve como moderador o Dr. Vítor Baltazar Dias, Director Regional do Norte do IPJ).
Natália Fernandes, da Universidade do Minho, salientou que o associativismo hoje, ainda que carecendo bastante da participação, comporta um grande aspecto cívico, promovendo óbvias competências a nível da cidadania.

domingo, 7 de junho de 2009

"A crise pelo olhar do cinema": texto de apresentação

Texto de apresentação do Ciclo de Cinema dedicado ao tema "A crise pelo olhar do cinema", com comentário acerca de cada um dos filmes seleccionados.
Este trabalho, elaborado pelo aluno do Curso de Filosofia da FacFil em estágio na Junta de Freguesia de São Victor (Braga) Higino Lombe, foi publicado pelo Jornal Diário do Minho, de 07 de Junho de 2009, p. 8.

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

"A crise pelo olhar do cinema". Estagiário organiza Ciclo de Cinema na Junta de Freguesia de São Victor

O estagiário Higino Lombe organiza um Ciclo de Cinema na Junta de Freguesia de São Victor dedicado ao tema "A crise pelo olhar do cinema".
As sessões terão lugar no Auditório daquela Instituição, pelas 21,30h, com o seguinte calendário:
- 18 de Maio: "Tempos Modernos" de C. Chaplin;
- 25 de Maio: "O Pianista" de R. Polansky;
- 08 de Junho: "Good bye Lenin" de W. Becker;
- 15 de Junho: "Os Quatrocentos golpes" de F. Truffaut.
Em cada uma das sessões far-se-á a apresentação do filme no âmbito da temática do ciclo, realizada pelo estagiário; após o visionamento seguir-se-á uma tertúlia, animada também pelo mesmo estudante, e durante a qual será servido um chá.

Entrada livre. Dê-nos a honra da sua presença.

Mais pormenores neste flyer (clique para o ampliar).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Actividades do estagiário Domingos Faria na APAEF

Trabalho desenvolvido pelo estagiário Domingos Faria na Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico durante o
1º semestre de 2008-2009:


  • Participação no "Workshop de Filosofia para Crianças"

  • "A formação filosófica: 'mais-valia' no mundo de hoje", artigo em colaboração com Heiton Gomes e Higino Lombe, publicado no Jornal "Diário do Minho", em 20 de Novembro de 2008, pp. 8-9.
  • "Apresentação da experiência do Estágio de Intervenção Sócio-Cultural" (presencial e vídeo) no Dia Mundial da Filosofia, na Faculdade de Filosofia de Braga, em 20 de Novembro de 2008
  • Registo escrito da Conferência, Cristianismo na escola, uma contribuição cultural, proferida por D. Manuel Clemente nas Jornadas Pedagógicas "Escola, sucesso e excelência", na Faculdade de Filosofia, em 21 de Novembro de 2008

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Palestra do estagiário Domingos Faria sobre a Família no IPJ

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O tema da família continua a ser de importância fulcral para os jovens. Que o digam os alunos das Escolas Secundárias de Braga que se deslocaram ao IPJ para participarem no painel orientado pelo estagiário de Filosofia Domingos Faria. Também a comunicação social se interessou, como o demonstram os registos realizados pelo Diário do Minho e pelo Correio do Minho que aqui podem ser consultados.

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Diário do Minho, 21 de Maio de 2009

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Notícia da participação do aluno-estagiário Domingos Faria na jornada dedicada ao tema da FAMÍLIA. Esta jornada de reflexão realizar-se-á no Instituto Português da Juventude - Delegação de Braga, onde decorre o Estágio de Intervenção Sócio-Cultural II.
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Fonte: Jornal Diário do Minho, 19 de Maio de 2009, p. 4

domingo, 26 de abril de 2009

Estagiários escrevem sobre o TEATRO

Trabalho realizado pelos alunos Domingos Faria e Higino Lombe do Curso de Filosofia da Faculdade de Filosofia, integrado na planificação do Estágio a decorrer no Instituto Português da Juventude e na Junta de Freguesia de S. Vítor (Braga). Publicado no Jornal Diário do Minho – Suplemento Cultura, nº 486, 22 de Abril de 2009, pp. IV-V



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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Porquê pintar? / Estágio no Instituto Português da Juventude - Braga


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Texto de comentário à exposição colectiva de pintura, patente na Galeria do IPJ-Braga, até ao dia 03 de Abril.
Este texto, elaborado por Domingos Faria, aluno de Filosofia em estágio no IPJ, foi publicado pelo Jornal "Diário do Minho" no Suplemento "Cultura", nº 482, de 25 de Março de 2009. Pode ser lido aqui.

sábado, 14 de março de 2009

As aplicações da Filosofia

Na notícia que aqui reproduzimos dá-se conta da importância que os responsáveis do Curso de Filosofia da Universidade Católica (Braga) atribuem à presença da Filosofia na sociedade contemporânea. Concretamente, destacam-se as aplicações da reflexão e da argumentação filosófica nos domínios empresarial, social, cultural, religioso, ético-existencial, artístico e científico. Os inovadores estágios dos alunos do Curso de Filosofia nestes sectores constituem um momento de preparação e de treino das respectivas competências.

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Actividades do estagiário Higino Lombe no Instituto Português da Juventude / Braga

Trabalho desenvolvido pelo estagiário Higino Lombe no Instituto Português da Juventude / Direcção Regional do Norte - Loja "Ponto Já" de Braga, durante o
1º semestre de 2008-2009:

  • Organização da exposição de pintura do artista plástico Cláudio João, intitulada Coragem de Vida (13 a 31 de Outubro de 2008)


  • Organização da exposição de pintura da artista plástica Olga Fernandes (10 a 30 de Novembro de 2008)


  • Organização da sessão formação e informação em torno do Dia Mundial da Televisão / Rubrica Hoje é Dia (21 de Novembro de 2008)


  • Organização da sessão de formação e informação em torno do Dia Mundial do Voluntariado / Rubrica Hoje é Dia (5 de Dezembro de 2008)


  • Organização e participação como Orador (apresentação do tema) na sessão de formação e informação em torno do Dia Mundial em Memória das Vítimas do Holocausto / Rubrica Hoje é Dia (17 de Janeiro de 2009)


  • Participação na Sessão de Comemoração do Dia Mundial da Filosofia na Faculdade de Filosofia / apresentação dos Estágios de Intervenção Sócio-Cultural (20 de Novembro de 2008)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Actividades do estagiário Heiton Gomes na Junta de Freguesia de S. Victor / Braga

Trabalho desenvolvido pelo estagiário Heiton Gomes na Junta de Freguesia de S. Victor / Braga durante o 1º semestre de 2008-09:

  • Preparação do ano escolar 2008/2009 com os Coordenadores das EB1 e Jardins-de-Infância


  • Organização e Edição do “Boletim Informativo da Junta de Freguesia” dos meses de Setembro/Outubro/Novembro e Dezembro de 2008


  • Organização da “Maratona Cultural e de Solidariedade”, agendada para o dia 15 de Novembro de 2008


  • Colaboração com a Coordenadora da “Clínica de Matemática” na realização da Semana da Matemática, de 10 a 14 de Dezembro de 2008


  • Participação na elaboração do Plano de Actividades da Junta de Freguesia de São Victor para o ano 2009


  • Organização e realização de uma Mesa Redonda sobre a pintura e a arte, subordinada ao tema: “A arte e os seus lugares de exposição”. Referência dos órgãos de comunicação social a este evento: cf. Jornal Diário do Minho, 25 de Dezembro de 2008, p. 5: “Participantes em debate apontam ‘exemplo’ de S. Victor: Instituições da Cidade desafiadas a promoverem novos artistas”


  • Entrevista com a pintora Cármen Faria. Sua publicação - "Antes de abstrair tem de haver uma essência" - no Jornal Diário do Minho, n.º 28378 de 14/01/09 e também no Boletim Informativo da J. F. de S. Victor (Dezembro de 2008)


  • Artigo elaborado em colaboração com Domingos Faria e Higino Lombe, “A formação filosófica: uma ‘mais-valia’ no mundo de hoje” - publicado no jornal Diário do Minho, n.º 28324, de 20/11/08


  • Registo escrito sobre a Conferência: “O que é uma Escola de sucesso para todos em tempos de tensões?” proferida pelo Professor Joaquim de Azevedo, no âmbito das Jornadas Pedagógicas: "Escola, Sucesso e Excelência", em 21 de Novembro de 2008, na Aula Magna da Faculdade de Filosofia


  • Elaboração de um Trabalho Escrito de aprofundamento sobre a temática do Fado (sua história, significado artístico e social), a pretexto da iniciativa anual da Junta de Freguesia de S. Victor, a “Noite de Fados em S. Victor”


  • Preparação da Festa de Natal 2008 dedicada aos alunos das Escolas Básicas e Jardins-de-Infância da Freguesia de de São Victor / Braga


  • Colaboração na preparação da “Agenda Cultural” mensal, da Autarquia de São Victor


  • Colaboração em actividades na área da Acção Social da Autarquia de São Victor

Ressonâncias do mundo na pintura* / Estágio no Instituto Português da Juventude (Braga)

O ser humano pode apreender a realidade de forma objectiva, ou seja, aquilo que se apresenta à sua consciência ele o apreende com a consciência cognitiva, isto é, abordagem da realidade onde impera um certo grau de objectividade. Neste sentido as coisas do mundo, ao nível da consciência ou da percepção cognitiva, coloridas de tonalidades e sentimentos, que não se apresentam sob a forma de elementos subjectivos, mas de qualidades objectivas, fazem parte da consciência cognitiva.
Todavia, estas mesmas coisas que se oferecem à percepção cognitiva, também se oferecem à percepção estética. A consciência estética comporta uma abordagem diferente da cognitiva. Por um lado, situa-se no âmbito do sensível e privilegia aspectos subjectivos e, por outro, difere de uma consciência prática, no sentido de que é algo direccionado para algum fim.
Na consciência estética os aspectos emocionais[1]têm um papel de destaque. A mesma realidade, como há pouco dissemos, que se apresenta à consciência cognitiva, é vista a partir de um prisma completamente diferente. Por isso disse, com muita propriedade, o pintor russo Wassily Kandinsky, que quando “o leitor considera um objecto qualquer que esteja colocado sobre a sua mesa (mesmo uma ponta de cigarro), apreenderá o seu sentido exterior ao mesmo tempo que experimentará a sua ressonância interior, sendo que um se mantém sempre independente da outra. E assim sucederá em qualquer altura e em qualquer lugar, na rua, numa igreja, no ar, na água, num estábulo, numa floresta. O mundo está repleto de ressonâncias. Ele constitui um cosmos de seres que exercem uma acção espiritual. Matéria morta é espírito vivo.”[2] E é a consciência estética que tem a capacidade de apreender essa ressonância que transborda nas coisas mais simples que constituem o mundo.
Por outro lado, a percepção estética tem a característica de sinalizar a transcendência, isto é, a consciência estética é reveladora de algo que está para lá de si mesma. Quando, por exemplo, observamos uma pintura, numa tela ou noutra superfície qualquer, percebemos que o que quer que esteja lá representado é sempre algo que, por assim dizer, nos atira para outras vivências.
Estas duas características que aqui enumeramos encontram-se, de uma ou de outra forma, presentes na arte e acompanham a sua respectiva percepção. Por isso, a pintura não foge à regra, antes se manifesta na célebre questão da forma e do conteúdo. A propósito disto lembramo-nos da maneira como Kandinsky abordou a questão, mostrando que a forma, mesmo na pintura abstracta, está sempre presente na ressonância da qual o mundo está repleto e que cabe à consciência estética captar. “Chegamos assim à conclusão, diz o autor, de que abstracção pura, tal como o realismo puro, se serve das coisas na sua existência material. A maior negação do objecto e a sua afirmação são equivalentes. E esta equivalência é justificada pela procura do mesmo fim: a expressão da mesma ressonância interior.”[3]
Todos os seres humanos, com maior ou menor intensidade, sentem essa ressonância do mundo em que habitam. Todo o ser humano é sensível à beleza da natureza. Contudo só aqueles que sentem isso de uma maneira, que sabem captar o eco que vem da natureza, se transformam em artistas, só eles podem transmitir-nos, pela arte, esse eco.
É precisamente estas qualidades que encontramos em Caravaggio, em Manet e em todos os outros. Porém, não ficamos apenas por aqueles que a história nos transmite como exemplos. Muitos outros artistas desconhecidos, ainda sem nome consagrado, ou arredados dos circuitos do reconhecimento “oficial” contribuíram e continuam a contribuir para que todos nós possamos contemplar a ressonância que se “agarra” à consciência estética. Foi precisamente isso que experimentámos no âmbito do nosso estágio no Instituto Português da Juventude, em Braga, por ocasião de uma exposição de pintura do jovem pintor artista Cláudio.
A pintura deste artista transmite à consciência estética a ressonância dos anseios mais profundos da existência humana. Nas suas obras surge uma transcendência, um movimento de superação que nos transporta para outras vivências.
O jovem Cláudio expôs na galeria do Instituto Português da Juventude um número considerável de obras que despertaram a nossa reflexão, reforçada também pelo contacto pessoal com ele. Percebemos nesta ocasião que o artista usava a pintura como um meio de comunicação pré-verbal, apoiando-se na própria linguagem simbólica que a pintura tem e que, dadas as suas dificuldades de comunicação verbal, servem de ponte entre ele e as pessoas mais próximas.
As suas telas revelavam um gosto especial pela cor como tema, fazendo-nos lembrar Monet. Apesar disso, as diversas temáticas eram ora abordadas recorrendo à pintura figurativa ora à pintura abstracta. Na realidade esta distinção é de pouco relevo, pois “a criação é um excelente meio de auto-expressão e de auto-exploração. Um desenho é uma descrição mais precisa dos sentimentos do que as palavras…”[4]. E o caso do Cláudio é especial. Para ele não é apenas a dificuldade de expressar a profundidade daquilo que sente ou o que vive, é também a dificuldade de estabelecer comunicação por razões de natureza linguística. Portanto, para o Cláudio a pintura surge como uma espécie de compensação que ele domina com tanta mais mestria quanto mais a doença nele se vem manifestando. Mistério da “consciência” artística, por cuja mediação nos transmite de forma tão sensível essa tal ressonância de que falámos no princípio deste texto.

* Comentário realizado a pretexto da exposição de pintura do artista Cláudio João, intitulada Coragem de Vida, que teve lugar no espaço de exposições do Instituto Português da Juventude / Braga (13 a 31 de Outubro de 2008)

Texto elaborado pelo estagiário Higino Lombe

[1] E neste sentido emocional não é o oposto de racional… não estamos a fazer uma contraposição entre aquilo que é do âmbito da sensibilidade e do âmbito racional.
[2] W. Kandinsky, Gramática da Criação, Tradução de José Eduardo Rodil, Edições 70, Lisboa, pag. 30.
[3] W. Kandinsky, Ibidem, pag 27.
[4] A. Sousa, Arte e Terapia, Livros Horizonte, Lisboa, 2005., p. 255

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Em memória das vítimas do holocausto / Estágio no Instituto Português da Juventude (Braga)

No âmbito da iniciativa “Hoje é Dia” dedicado ao Dia Mundial em Memória das Vítimas do Holocausto (27 de Janeiro de 2009), o estagiário do Curso de Filosofia da FacFil, Higino Lombe, proferiu uma palestra sobre o significado desta efeméride no auditório do IPJ (Braga). Assistiram várias turmas de alunos da Escola Francisco Sanches e de Maximinos de Braga.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Televisão e atitude crítica / Estágio no Instituto Português da Juventude (Braga)

No dia 21 de Novembro de 2008 o Instituto Português da Juventude, delegação de Braga, organizou uma palestra sobre o tema "A televisão e a sociedade", proferida por João Vilaça, formado em Comunicação Social pela Universidade do Minho. A palestra foi integrada no âmbito da rubrica Hoje é Dia, e tinha como objectivo abordar a importância da televisão nos diversos âmbitos da vida social.
A rubrica Hoje é Dia é uma iniciativa que tem como objectivo divulgar, através de palestras temáticas as datas que marcam acontecimentos importantes. O dia mundial da televisão é uma dessas efemérides instituída pela Assembleia das Nações Unidas, em 1996.
Dada a especificidade do público a que esta palestra se dirigia - maioritariamente constituído pelos alunos do ensino secundário da escola Francisco Sanches - a actividade teve uma dinâmica especial, muito interactiva, com a participação directa dos alunos, através de um jogo de perguntas e respostas. O jogo consistia num conjunto de perguntas, às quais os alunos eram obrigados a responder em grupo, apresentando posteriormente os resultados à plateia. Porém, este momento era precedido da discussão do tema e da eleição de um representante com a função de apresentar as perguntas à plateia.
Devemos sublinhar que esta metodologia mais aberta e assente na participação está em verdadeira consonância com o espírito e a dinâmica das iniciativas típicas do Instituto Português da Juventude, organismo que desenvolve com muito êxito actividades de educação não formal. Estas actividades contribuem para a educação integral do homem, complementando e diversificando os conteúdos programáticos curriculares desenvolvidos na escola de um modo mais formal e sistemático. Esta metodologia aproxima-se daquilo a que muitos autores chamam mais propriamente de “modelo de animação”.
A animação pode ser implementada com sucesso tanto na educação formal como na educação não formal. É sua pretensão promover no educando um acréscimo de informação, de experiência e de consciencialização. Consciencializar é formar ou despertar a consciência de alguém para determinada facto. Neste caso o objectivo específico foi a consciencialização para a importância de uma atitude crítica quando se está diante da televisão. A televisão é um tema actual e inesgotável, transversal a diversas áreas, com grandes impactos na família e na sociedade, na educação e formação dos jovens, na comunicação, nas crenças e nos comportamentos. A sua importância agiganta-se quando se analisa e reflecte o seu impacto na maneira como as pessoas percepcionam e avaliam o mundo.
Enquanto fenómeno sociológico, a televisão é capaz de instaurar gostos e propensões, ou seja, de criar necessidade e tendências. Uma das tarefas da animação deverá consistir na consciencialização da sociedade do papel que a televisão tem para todos nós. Concretamente, deve mostrar que, apesar da sua importância incontornável, é necessário evitar um consumismo irracional e acrítico. Portanto, a questão da televisão não se esgota nos limites da análise sociológica, mas é também uma questão filosófica, ético-filosofica se quisermos.
É, sobretudo, perante o fenómeno da publicidade na televisão que a exigência da consciencialização do espectador se torna ainda mais premente. De facto, nem sempre a publicidade cumpre as normas éticas de respeito pela pessoa do espectador, colocando em risco a sua saúde mental e não só. A pessoa que se senta diante de um ecrã deve desenvolver uma participação activa ou de vigilância. “No instante em que alguém se senta diante da televisão acontece uma experiência bastante nova. Está-se diante de uma superfície branca e, no instante em que se apaga a luz, somos levados a esperar com todas as nossas forças algo que não se sabe ainda o que seja; e que, em todo o caso, é desejado e valorizado pela nossa tensão. A partir do momento em que se delineia a imagem e se desenvolve o discurso… existem varias possibilidades de empenho psicológico, que vão do discernimento crítico mais completo (a pessoa que se levanta e vai embora aborrecida), ao juízo crítico que acompanha a fruição, ao abandono inadvertido…”[1]. Porém, o que acontece frequentemente é que as possibilidades de uma tal vigilância crítica são reduzidas.
Foi esta questão da vigilância que mais interesse despertou nos alunos. O facto de tomarem consciência de que o discurso que a televisão passa nem sempre é imparcial e que pode estar dependente de interesses económicos e não só, provocará neles a reflexão e o interesse por aprofundar e desenvolver a sua actividade crítica.

[1] ECO, Humberto - Apocalípticos e Integrados. tradução de Helena Gubernatis, Lisboa, Difel, 1991, p. 368.

Texto elaborado por Higino Lombe, aluno de Filosofia da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica, em estágio no Instituto Português da Juventude (Braga).

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Entrevista de Heiton Gomes à artista Cármen Faria / Estágio na Junta de Freg. de São Victor

Texto da entrevista conduzida pelo aluno Heiton Gomes à artista Cármen Faria, na sequência da exposição de pintura realizada na Galeria da Junta de Freguesia de São Victor, onde realiza o seu estágio do primeiro semestre (08-09).



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- Fonte: Boletim Informativo da Junta de Freguesia de São Victor - Braga, nº 6 Dezembro de 2008
- Trabalho publicado também no Jornal "Diário do Minho" - Suplemento Cultura, 14 Jan. 2009, pp. II e III

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A Filosofia como “Arte de Pensar”. O Inquérito aos Alunos de Filosofia do Ensino Secundário

Um dos objectivos do Inquérito realizado na Faculdade de Filosofia aos alunos de Filosofia do Ensino Secundário consistia em identificar o que é que na Filosofia mais lhes despertava interesse. Curiosamente, das várias hipóteses apresentadas (a filosofia como arte de pensar, problemas do mundo actual, temática da argumentação, temática do conhecimento e da ciência, temática dos valores, coerência intelectual, história da filosofia), os alunos sublinharam o interesse pela Filosofia enquanto “arte de pensar”. Esta resposta surpreendeu-me e despertou a minha própria curiosidade, tendo-me colocado a mim mesmo a seguinte questão: num contexto de pós-modernidade, será legítimo ainda falar da Filosofia como arte de pensar? Será que o nosso panorama cultural nos permite olhar para a Filosofia de tal forma?
Mais do que simples palavreado, os resultados concretos mostram que a Filosofia como arte de pensar não é coisa do passado. O interesse pela Filosofia como uma forma de organizar o pensamento, manifesta a importância que ela tem, não só como uma disciplina escolar, mas sobretudo como uma forma de organizar um conjunto de realidades que não se restringem apenas a questões teóricas. A arte de pensar pode ser aplicada a várias áreas, desde sociais e políticas, à área do conhecimento, às questões éticas, só para citar algumas.
Muitas vezes ignoramos que podemos aplicar a estrutura mestra da filosofia como arte de pensar a outras áreas do saber humano. Assim, o olhar para a filosofia ganha outro sentido, e quando se dá a oportunidade aos alunos que se preparam para um curso universitário, seja ele qual for, de reflectirem de forma crítica sobre a sua maneira de olhar para a realidade, sobre a sua maneira de estruturar o pensamento, alcançam certamente uma ferramenta importante que eles levarão para as suas escolhas de vida e de profissão. O que quer dizer que a filosofia não se reduz à resolução dos problemas tradicionalmente conhecidos. Como arte de pensar ela amplia o horizonte dos alunos, permitindo-lhes uma maior capacidade de escolha. Fazê-los reflectir filosoficamente é proporcionar-lhes a oportunidade de serem autónomos.
Este inquérito patenteia a importância e a necessidade da filosofia para o nosso modo de olhar para a realidade. Todos nós sabemos da importância da ciência e de como veio revolucionar a nossa vida, para melhor. Porém, não deixa de ser curioso e preocupante o facto de, aos poucos, a Filosofia deixar de ter o seu lugar na sociedade. Vivemos num cenário em que a necessidade de explicação da origem das coisas parece desnecessário. Embora outras ciências se preocupem com a origem dos seus objectos de estudo, só a Filosofia se preocupa com a origem das coisas em geral, com as origens da estrutura da realidade por exemplo. Por isso, o papel da filosofia, como arte de pensar é de facto insubstituível, um papel essencialmente crítico que visa captar a estrutura da realidade, constituindo sempre um motivo de reflexão.
Texto de Higino Lombe, aluno de Filosofia da Universidade Católica, em estágio no Instituto Português da Juventude (Braga)