terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Jovens do Secundário interessam-se pela Filosofia / Inquérito realizado na FacFil

Notícia do inquérito realizado na Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga) a alunos do Ensino Secundário acerca do interesse pela Filosofia, da sua utilidade e repercussão profissional. No corpo desta notícia refere-se a opinião do Estagiário Domingos Faria.

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Jornal Diário do Minho, 27 de Dezembro de 2008, p. 6

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A arte e seus lugares de exposição em Braga / Estágio na Junta de Freguesia de São Victor


Notícia publicada no Jornal Diário do Minho a propósito da tertúlia-debate em torno do tema "A arte e os seus lugares de exposição na cidade de Braga" que decorreu na Junta de Freguesia de São Victor em Braga, moderado por Heiton Gomes, aluno de Filosofia da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga), no âmbito do seu Estágio de Intervenção Sócio-Cultural.


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Fonte: Jornal Diário do Minho, 25 de Dezembro de 2008, p. 5

sábado, 20 de dezembro de 2008

Quem disse que os jovens não apreciam a filosofia? Resultados de um inquérito.

No Dia Mundial da Filosofia, conforme aqui demos a conhecer, a nossa Faculdade organizou umas Jornadas de reflexão acerca da importância vital da filosofia na sociedade e nos mais diversos sectores das actividades. Nesse encontro estiveram presentes várias turmas de filosofia de escolas do ensino secundário de Braga. No final, em jeito de balanço, pediu-se aos alunos que, livremente, respondessem ao questionário que aqui mostramos. A esmagadora maioria dos alunos presentes na Aula Magna respondeu a este desafio. As suas respostas constituem para nós o pretexto desta breve reflexão.
Tais respostas manifestam, inequivocamente, um grande interesse pela filosofia materializado na forma como foi avaliada a comemoração da efeméride. Valorizam a filosofia como arte de pensar, consideram-na (90%) útil e muito útil na sua vida pessoal, e perspectivam-na (80%) como aplicável e muito aplicável na vida profissional. É importante salientar que ninguém considerou a filosofia como algo dispensável ou inútil.
Estes dados dão que pensar, pois vão numa linha diametralmente oposta à da maioria das ideias-feitas acerca desta disciplina, e questionam directamente a mentalidade que influencia os decisores que a querem banir do ensino e do espaço público.
Não é segredo para ninguém que a filosofia tem sido nestes últimos anos bastante menosprezada no sistema educacional do nosso País. Com efeito, no ensino secundário a disciplina de filosofia está cada vez mais relegada para segundo plano, como se o sistema pudesse passar incólume sem a disciplina que tem por missão ensinar a pensar criticamente, que é essencial à formação da personalidade, à busca de sentido e humanização, capaz de denunciar as várias formas de manipulação (consumismo, totalitarismo, relativismo radical) como advogou D. Manuel Clemente nas Jornadas Pedagógicas, realizadas também na FacFil (21 de Novembro de 2008).
No 12º ano (ensino secundário) a situação da disciplina de filosofia é ainda mais escandalosa, tendo passado a mera opcional, não constituindo disciplina específica de ingresso ao ensino superior, nem mesmo para o curso de Filosofia!! Deste escândalo e da sua repercussão no afastamento dos alunos desta área de estudo, nos dá conta o filósofo José Gil na Revista “Visão” de 12 de Outubro de 2006. Também nesta linha, a professora de filosofia Maria Luísa Guerra declara: «em Portugal assiste-se ao inédito. Pela primeira vez em mais de um século (desde a reforma de Jaime Moniz, em 1895) destruiu-se decisivamente a Filosofia no ensino secundário». E analisa que «em Portugal desvaloriza-se o exercício do pensamento, o rigor da análise, a descoberta de paradigmas e de valores, a discussão de problemas, a formação do espírito crítico, a reflexão sobre a aventura humana, parâmetros específicos da Filosofia e do seu ensino.» (cf. “Jornal Público”, 28 de Junho de 2008).
Aparentemente, de nada têm servido os avisos e os recados provindos de muita gente da área da cultura, das artes, das ciências. Ainda recentemente, grandes personalidades, como João Lobo Antunes (medicina), Nuno Crato (matemático) e Carlos Fiolhais (físico) consideravam um "erro grave" o desinvestimento no ensino da filosofia (cf. “Jornal Público”, 16 de Dezembro de 2006).
José Gil vai ao fundo da questão, conectando o actual menosprezo pela Filosofia com a mentalidade tecnocrática e economicista onde tudo se mede exclusivamente pela produtividade económica. Vivemos numa cultura moldada pela propaganda política e ideológica que aposta tudo nas novas tecnologias, como se isso fosse algo que desse realmente formação humana de excelência a uma pessoa. A esta luz, para os apologistas do famigerado “Magalhães”, a filosofia aparece como algo que está a mais, algo de natureza nefasta. É ainda aquele filósofo que, remando contra a maré, mostra o poder que a Filosofia tem de gerar criatividade «(…) sabe-se que o ensino da Filosofia para crianças abre extraordinariamente as competências dos alunos na aprendizagem das outras disciplinas. (…) alarga o conhecimento, estabelece pontes novas entre domínios científicos diferentes, proporcionando a criação de novos objectos e novas disciplinas. O trabalho do conceito é um trabalho de criação, e a Filosofia é, antes de mais, criação de pensamento. Daí as suas repercussões, da política ao design — atravessando toda a cultura, a arte e o conhecimento; assim como na ética e prática da democracia. Daí a sua importância para a educação da cidadania. Seria um erro profundo crer que se pode fazer a economia da Filosofia no processo actual de transformação que o mundo vive — e em particular, em Portugal. “Sem a música, a vida seria um erro”, escreveu Nietzsche. Extrapolando: “Sem a Filosofia, a vida seria um erro”» (in Revista “Visão”, 12 de Outubro de 2006). As opiniões dos jovens estudantes que nos visitaram confirmam plenamente a justeza deste comentário.

Texto elaborado por Domingos Faria, aluno de
Filosofia da Universidade Católica a estagiar na APAEF

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A Filosofia Prática / Estágio na Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico

O estágio que estou a realizar ao abrigo do Protocolo celebrado entre a Faculdade de Filosofia (UCP – Braga) e a Associação Portuguesa de Aconselhamento Ético e Filosófico (APAEF) proporciona-me uma visão bastante alargada da aplicabilidade da filosofia à vida concreta, abrindo-me, até, o leque de possíveis saídas profissionais. Por outro lado, não é só o aspecto prático que me fascina neste estágio, mas o facto de constituir uma experiência antropológica e ontologicamente enriquecedora.
De todas as possibilidades que já fui captando, neste momento encontro-me inclinado para aprender o mais possível sobre a área do aconselhamento filosófico.
Com efeito, desde o início do ano lectivo até ao final do mês de Novembro participei já num bom leque de actividades, das quais elaboro esta breve resenha.
Workshop de filosofia para crianças:
Neste workshop/curso aprendi essencialmente as metodologias de Matthew Lipman e Óscar Brenifier. Pretendem estimular as crianças, de modo a atingirem um “pensamento de ordem superior”, com os seus aspectos críticos (problematização), criativos (elaboração de propostas) e de “caring” (respeito pelo outro). Participei em ateliers práticos sobre tópicos tais como: conceitos, a verdade, a mentira…, onde tive também a oportunidade de ser facilitador, orientando o grupo de reflexão.
Elaboração de planos de orientação de textos de filosofia para crianças
Em colaboração com orientadoras da APAEF treinei a elaboração de planos de orientação para facilitadores. A partir da análise de textos e suas temáticas elaborávamos um plano de questões dirigidas às crianças, provocando-as a pensar por si próprias. Foi-me proposto elaborar uma história e fazer o respectivo plano de orientação para depois ser aplicado.
Experiência de filosofia com/para crianças, em colaboração com a Biblioteca Almeida Garrett
Nesta biblioteca realizei com as orientadoras da APAEF uma sessão prática de filosofia para crianças na idade pré-escolar. Foi uma experiência muito importante, pois, exigiu que aplicasse as teorias do Workshop à situação concreta.
Frequência do curso de certificação (nível I) e treino na área do aconselhamento filosófico (consultas).
Esta actividade é, sem dúvida, uma das que considero mais importante do estágio.
Com o meu orientador da APAEF (Dr. Nuno Tavares) treino a metodologia do aconselhamento filosófico, acompanhando de perto o método de Óscar Brenifier, assimilando regras fundamentais acerca da orientação da consulta, formulação de questões pertinentes e que conduzam a uma análise e problematização eficazes, de forma a que se alcance a clareza do pensamento.
Vou assim, também, sendo testado na aquisição prática de competências e no progresso que vou realizando de aprendiz de conselheiro filosófico. A melhor forma de aprender o aconselhamento filosófico é pelo treino, numa purificação dos erros que acontecem sempre. Actualmente estou a seguir filosoficamente um problema (algo complexo para um principiante) de uma minha amiga. É uma área bastante estimulante.
Leituras e análise de textos relacionados com a filosofia prática
Tenho tido o acesso a um vasto conjunto de obras, revistas e textos sobre as diversas questões em redor da filosofia prática, onde destaco os nomes de Alex Howard, Jorge Dias, Lou Marinoff, Michel Russell, Óscar Brenifier, Ran Lahav, Shlomit Schuster. É um leque de autores e questões totalmente novos para mim, e que muito me enriquecem, exigindo muito mais tempo de maturação e de reflexão do que aquele que é possível disponibilizar.
Balanço apresentado por Domingos Faria, aluno de Filosofia da Universidade Católica a estagiar na APAEF.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Maratona Cultural e de Solidariedade / Estágio na Junta de Freguesia de São Victor (Braga)

(Extractos do relatório acerca do Plenário da Comissão Social da Freguesia de S. Victor/Braga):
«O Presidente da Junta incumbiu-me, enquadrado no terceiro ponto da agenda de trabalhos, a anunciar as diversas actividades que serão levadas a cabo pela referida Junta de Freguesia até o final do ano 2008. Confesso que no início fiquei algo intranquilo, com algum receio pelo desafio e responsabilidade que me foi atribuído. Contudo, a apresentação correu bem e no final todos os presentes apreciaram (…); fiquei muito satisfeito, não só com a minha participação, mas também com alguns elogios que recebi quer por parte do Senhor Presidente, quer dos restantes membros presentes.
É de destacar o conjunto de actividades inseridas na política de acção social, designadas por “solidariedade mais”, (…) que serão levadas a cabo pela Junta de Freguesia de São Victor em parceria com várias Instituições (…). Dentre elas enumeram-se as seguintes:
1. Avaliação dos resultados da campanha “Tampinha amiga e solidária” (…)
2. “Maratona Cultural e de Solidariedade” (…)
3. Campanha de recolha de produtos alimentares no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian durante todo o mês de Novembro.
4. Campanha de recolha de produtos alimentares no Hipermercado do Feira Nova, dia 13 de Dezembro de 2008 (…)
5. Início da distribuição de “cabazes de Natal pelas famílias referenciadas pela Comissão Social de mesma Freguesia (…)
Sublinho este conjunto de iniciativa louváveis da Junta, tanto pelo carácter solidário do projecto, como também pela forma como o projecto foi concebido, pondo em evidência e ligação entre a solidariedade, os valores sociais, a arte, a cultura.
Proponho-me desenvolver esta temática da solidariedade, sobretudo a preocupação com os menos favorecidos, e aprofundá-la na sua ligação com a arte como forma de enriquecer o projecto “Maratona Cultural e de Solidariedade”».
Relatório elaborado por Heiton Q. P. Gomes,
aluno de Filosofia da Universidade Católica, em estágio na Junta de Freguesia de São Victor/Braga.

A propósito da "Semana da Matemática" / Estágio na Junta de São Victor (Braga)

A Junta de Freguesia de São Victor, em colaboração com as Escolas da mesma localidade (EB1 do Bairro da Alegria; EB1 do Bairro Eng. Duarte Pacheco; EB1 D. Pedro V; EB1 das Enguardas; EB1 Santa Tecla; EB1 São Victor; Colégio Teresiano; Conservatório Música Calouste Gulbenkian e EB23 Dr. Francisco Sanches) e em parceria com a Clínica de Matemática da mesma Freguesia, realizou pelo quinto ano consecutivo a “Semana da Matemática em S. Victor”, entre 10 e 14 de Novembro de 2008, fomentando nos jovens desta autarquia o gosto e a aprendizagem desta disciplina. Pretendia-se, assim, cativar o interesse dos alunos em relação à disciplina de Matemática e mostrar através de formas lúdicas a vertente prática desta matéria no dia-a-dia.
A nossa participação nesta actividade consistiu na recolha de informações e de vídeos que ilustravam o uso prático da matemática (jogos, explicações, cálculo rápido e prático, etc.) e mostrar a ligação que se estabelece a partir de Pitágoras entre a Matemática, a Filosofia e a Música.
Dos vários jogos de aplicação destacamos o xadrez, jogos matemáticos (cartas), damas, quads, semáforos, oril, como os mais estimulantes para desenvolver a capacidade de raciocínio e do pensamento, de forma lúdica, bastante prática e informal. Estas estratégias oferecem uma indiscutível contribuição para a melhoria da aprendizagem dos alunos, bem como para o desenvolvimento sustentado das actividades pedagógicas e culturais da Freguesia e do Concelho de Braga.
Pareceu-nos ficar mais clara, para os que participaram no evento, a utilidade prática da Matemática em diversos domínios da vida (jogos, mundo de trabalho, construção de projectos etc.), bem como a presença da filosofia, tanto como factor estimulante no desenvolvimento do raciocínio e do pensamento, como nas relações lógicas que os números e a matemática estabelecem com os factos, ou seja a sua ligação com o mundo físico e concreto.
Neste âmbito, sublinhámos a ligação entre a Matemática e a Filosofia, a relação entre as regras e os jogos ou os números e a música. A Filosofia (com as suas regras lógicas e jogos) tem muita semelhança com a vertente prática da matemática; recorre-se ao método filosófico para desenvolver a capacidade de pensar com rigor. Recordámos que os pitagóricos já mostraram com toda a evidência as ligações entre estes domínios.
Esperamos que esta louvável iniciativa da Junta de Freguesia de S. Vítor (Braga) possa contribuir para recuperar o estatuto da Matemática e da Filosofia e combater o preconceito ou a ideia de que são inúteis, difíceis e sem aplicação, contrariando desta forma a carga negativa que pesa ao arredor destas disciplinas.
Texto elaborado por Heiton Q. P. Gomes,
aluno de Filosofia em estágio na Junta de Freguesia de S. Vítor/Braga.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A filosofia e o mundo do trabalho - novos desafios

Texto da Conferência proferida pelo Mestre Manuel Dias de Barros na Sessão Comemorativa do Dia Mundial da Filosofia, que teve lugar na Aula Magna da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica Portuguesa, em Braga, no dia 20 de Novembro de 2008.
O Conferencista é Antigo Aluno da Faculdade de Filosofia e tem colaborado com esta Instituição como Supervisor de Estágios. É actualmente Presidente da Direcção da "Proviver" - Empresa Municipal/Vila Verde.

NOTA PRÉVIA
A comemoração do “ Dia Mundial da Filosofia”, reveste-se de um significado simbólico, por estarmos numa Academia que è, seguramente, uma das maiores referências internacionais no ensino a e na investigação em Filosofia.
É também, uma oportunidade de reflectir sobre um tema com a actualidade do nosso tempo, e que sustenta o devir da história do pensamento ocidental.
Neste contexto, quero agradecer o honroso convite à Faculdade de Filosofia de Braga, nas pessoas do Prof. Alfredo Dinis seu ilustre Director e do Prof. José Gama director da Licenciatura em Filosofia, responsável por esta iniciativa, a que respondi com muito entusiasmo, que espero ser capaz de corresponder na mesma medida, com o contributo que venho partilhar.
Felicitar toda a comunidade académica pelo alcance social e cultural desta iniciativa, numa altura em que são dados sinais de inovação no percurso de formação em Filosofia, num tempo em que a política de educação lhe vai reduzindo a importância, contrariando as recomendações de organizações internacionais como a UNESCO, e o que acontece com as opções políticas de
outros países que estão apostar na sua expansão. continuar a leitura

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Formação filosófica: mais-valia no mundo de hoje

Como é já do conhecimento público, a Faculdade de Filosofia (UCP/Braga) lançou, no corrente ano lectivo, a iniciativa inédita entre nós da criação de estágios no Curso de Licenciatura em Filosofia, orientados para as vertentes da intervenção sóciocultural no contexto das organizações. É, pois, na qualidade de estagiários que nos propomos apresentar alguns dos traços de maior relevância social deste desafio, no momento em que se comemora o Dia Mundial da Filosofia, patrocinado pela Unesco, e quando em Portugal se assiste a uma sistemática e perigosa erradicação da filosofia do espaço público.
Procuraremos, nesta nossa reflexão, sublinhar a concepção da filosofia como um exercício teórico-prático, ou seja um saber-fazer que se traduz em aplicações concretas nos diversos domínios da realidade. Em segundo lugar, identificaremos as principais competências que a filosofia proporciona, no sentido de demonstrar que elas constituem uma mais-valia em qualquer âmbito das actividades desenvolvidas nas instituições e organizações. Finalizaremos este texto referindo a nossa experiência de estagiários nas instituições que nos acolhem, bem como a motivação para deixarmos nas actividades em que estamos envolvidos uma marca identificativa da formação filosófica. continuar a leitura

Texto elaborado pelos alunos-estagiários do Curso de Filosofia: Domingos Faria, Heiton Gomes e Higino Lombe, no âmbito da Unidade Curricular “Estágio de Intervenção Sócio-Cultural”. Supervisão do docente Carlos Morais.
Publicado no Jornal Diário do Minho, 20 de Novembro de 2008, pp. 8-9.